Enquanto muito se discute sobre questões ambientais, um estudo da Deloitte revelou que as empresas em Portugal têm priorizado iniciativas de cunho social, especialmente internamente. No entanto, a gestão de resíduos e a promoção do capital natural ainda carecem de maior atenção.
Uma aposta na sustentabilidade nas empresas portuguesas
O estudo realizado pela Deloitte sobre a sustentabilidade das empresas em Portugal revela que estas têm atribuído uma maior importância às iniciativas sociais internas. Durante a Grande Conferência Negócios Sustentabilidade 2030, Inês dos Santos Costa realçou a relevância do pilar social, sublinhando que existe uma diferença significativa entre o discurso ambiental proferido e as medidas concretas adotadas pelas empresas.
Inês dos Santos Costa enfatizou a urgência das empresas não só em promoverem a sustentabilidade verbalmente, mas também em efetuarem mudanças substanciais nas suas práticas operacionais para alinharem verdadeiramente os seus compromissos com ações impactantes.
Sustentabilidade ambiental: Desafios e oportunidades
No contexto atual, a crescente conscientização sobre a urgência das alterações climáticas tem impulsionado as empresas a adotarem estratégias mais ambiciosas e abrangentes para mitigar o impacto ambiental de suas operações. Além das medidas já mencionadas, como a implementação de frotas sustentáveis e o uso crescente de energias renováveis, algumas empresas estão também investindo em tecnologias inovadoras para reduzir as suas pegadas de carbono. No entanto, apesar desses avanços, persistem desafios significativos na gestão de resíduos e na utilização responsável dos recursos naturais.
A gestão de resíduos continua a ser um ponto crítico, com muitas empresas ainda enfrentando dificuldades para implementar práticas eficazes de reciclagem e redução de resíduos. Apenas uma parcela minoritária, cerca de 46%, relata ter adotado medidas adequadas nesta área, o que destaca a necessidade premente de mais investimentos e compromissos firmes para melhorar esses índices.
Quanto à gestão responsável dos recursos naturais, apesar dos esforços de algumas empresas em minimizar o impacto ambiental, ainda há um longo caminho a percorrer. Apenas 31% das empresas estão a demonstrar esforços significativos para reduzir a sua dependência de recursos naturais finitos e implementar práticas que promovam a sustentabilidade a longo prazo.
É imperativo que as empresas não só cumpram as regulamentações ambientais vigentes, mas também assumam um papel de liderança proativo na adoção de práticas sustentáveis. Isso não apenas contribuirá para a proteção ambiental, mas também fortalecerá a sua reputação corporativa e posicionamento no mercado como agentes de mudança positiva para um futuro mais sustentável.
Alinhamento com os objetivos de desenvolvimento sustentável
As empresas em Portugal têm concentrado esforços significativos não só para cumprir as regulamentações vigentes e os objetivos de desenvolvimento sustentável, mas também para fortalecer as suas práticas de governança, como revelado no estudo mencionado. A análise detalhada indica que a maioria das empresas avaliadas demonstrou um nível satisfatório de maturidade nessas áreas específicas.
Este compromisso crescente com a transparência, a ética nos negócios e o estabelecimento de estruturas de liderança robustas não só reforça a responsabilidade corporativa, mas também é fundamental para garantir a sustentabilidade a longo prazo e para cultivar a confiança dos stakeholders.
A implementação de boas práticas de governança não se limita apenas ao cumprimento de normas, envolve a adoção de políticas que promovam a integridade, a gestão eficaz dos recursos e a responsabilidade social corporativa, que são pilares essenciais para o crescimento e a resiliência organizacional num contexto global cada vez mais exigente e interconectado.
O estudo ressalta, também que as empresas estão cada vez mais conscientes da importância de integrar práticas de governança sólidas em todas as suas operações. Esta abordagem não apenas fortalece a conformidade com as normativas locais e internacionais, mas também promove uma cultura organizacional baseada em valores éticos e responsabilidade corporativa.
A ênfase na transparência e na prestação de contas tem sido fundamental para reforçar a confiança dos investidores, clientes e da sociedade em geral. Muitas empresas têm implementado políticas de divulgação transparente de informações, relatórios de sustentabilidade e códigos de conduta que guiam as suas práticas diárias. Este movimento não apenas ajuda a mitigar riscos associados à reputação, mas também posiciona as empresas como líderes no caminho para um crescimento sustentável e inclusivo.
Ademais, as estruturas de liderança estão sendo moldadas para promover a diversidade e a inclusão, fatores essenciais para a inovação e para a tomada de decisões mais abrangentes e equitativas. O compromisso com a governança corporativa eficaz não se limita apenas aos aspetos formais, mas também abraça a responsabilidade social e ambiental, garantindo que as empresas não apenas prosperem economicamente, mas também contribuam positivamente para as comunidades onde estão inseridas e para o planeta como um todo.
Sustentabilidade empresarial: perspetivas de melhoria no pilar social
Inês dos Santos Costa sublinhou a relevância de as empresas aprimorarem o seu impacto social nas comunidades onde estão inseridas, integrando esta dimensão de forma estratégica na sua abordagem de sustentabilidade empresarial durante a Grande Conferência Negócios Sustentabilidade 2030.
A especialista enfatizou que é crucial ir além das práticas filantrópicas tradicionais, incorporando o impacto social como um pilar central da estratégia corporativa. Isso implica não apenas investir em iniciativas de responsabilidade social, mas também alinhar os objetivos sociais com os objetivos de negócio, garantindo um impacto sustentável e significativo na sociedade.
Costa destacou a importância de estabelecer parcerias colaborativas com as comunidades locais e outras partes interessadas, visando não só melhorar as condições sociais e económicas, mas também fortalecer a resiliência e a coesão das comunidades onde operam.
Preparação para o futuro no ambiente e sustentabilidade Portugal
Afonso Arnaldo, representante da Deloitte, e Miguel Maya, CEO do Millennium bcp, participaram de um debate centrado nos próximos passos para impulsionar a sustentabilidade em Portugal durante a Conferência Nacional sobre Sustentabilidade Empresarial. Durante a discussão, Arnaldo destacou a necessidade premente de o país se preparar para enfrentar os desafios futuros, considerando não só as exigências ambientais e regulatórias emergentes, mas também a necessidade de inovação e colaboração entre os setores público e privado para promover práticas de sustentabilidade nas empresas de longo prazo.
Por outro lado, Miguel Maya enfatizou a importância crítica de mitigar os riscos físicos decorrentes das alterações climáticas, especialmente devido à vulnerabilidade significativa de Portugal a esses impactos.
Maya sublinhou que, além de adotar medidas preventivas para proteger infraestruturas e comunidades, as empresas devem também integrar considerações climáticas nos seus processos de tomada de decisão estratégica, assegurando uma resposta proativa e adaptativa aos desafios do alinhamento entre o ambiente e sustentabilidade.
Este debate ressaltou a necessidade de uma abordagem multifacetada e colaborativa para enfrentar os desafios da sustentabilidade nas empresas em Portugal, reforçando a importância de iniciativas conjuntas que não só protejam o ambiente, mas também promovam o crescimento económico sustentável e a resiliência social.
Desafios no financiamento sustentável
Miguel Maya abordou os desafios atuais enfrentados pelo setor financeiro durante uma discussão, onde destacou que o Millennium bcp já adota uma política de recusa de financiamento para projetos imobiliários e industriais que não estejam alinhados com critérios rigorosos de sustentabilidade ambiental.
O CEO sublinhou a importância crucial de os projetos se adequarem aos padrões de sustentabilidade para garantir acesso a financiamento sustentável, enfatizando que essa abordagem não apenas fortalece a resiliência ambiental dos projetos, mas também contribui para mitigar os riscos associados às mudanças climáticas e promover práticas empresariais responsáveis.
Além disso, Maya destacou a necessidade de uma transição gradual e estratégica para uma economia mais verde e sustentável, onde instituições financeiras desempenham um papel fundamental. Ele sublinhou a importância de desenvolver novos produtos financeiros que incentivem investimentos em energias renováveis, eficiência energética e outras áreas que promovam o desenvolvimento sustentável. Maya enfatizou ainda a importância de colaborações entre o setor financeiro, o governo e a sociedade civil para criar políticas e regulamentações que apoiem essa transição e incentivem práticas empresariais mais sustentáveis em todo o setor.