Um inquérito recente da Revolut revela que apenas 28% dos jovens portugueses da Geração Z afirmam não investir, comparativamente a 42% das faixas etárias acima dos 55 anos.
Crescimento dos jovens portugueses investidores na Europa
Nos últimos anos, a Europa tem registado um crescimento notável no número de jovens que se envolvem no mundo dos investimentos, especialmente entre os membros da Geração Z. Este grupo etário está a iniciar a sua atividade no mercado financeiro em idades mais precoces quando comparado com gerações anteriores, o que representa uma mudança significativa no panorama dos investimentos. A Revolut, uma plataforma financeira global com uma vasta base de utilizadores que ultrapassa os 45 milhões a nível mundial e conta com 1,3 milhões de utilizadores em Portugal, realizou um estudo aprofundado para compreender as preferências de investimento destes jovens. Através dessa análise, conseguiu identificar e salientar tanto as escolhas dos investidores mais jovens em território português, como as tendências que têm emergido de forma consistente em toda a Europa, oferecendo uma visão abrangente deste novo comportamento financeiro.
Geração Z mais disposta a correr riscos
Um inquérito conduzido pela Dynata, em nome da Revolut, revelou dados interessantes sobre o comportamento de investimento em Portugal, com foco em diferentes faixas etárias. Segundo este estudo, apenas 28% dos jovens portugueses pertencentes à Geração Z, ou seja, aqueles nascidos aproximadamente entre meados da década de 1990 e início dos anos 2000, afirmaram que não realizam investimentos. Em contrapartida, 42% dos indivíduos com mais de 55 anos responderam da mesma forma, demonstrando que as gerações mais velhas têm uma tendência significativamente maior para se absterem de participar no mercado financeiro. O estudo revelou ainda que os investidores mais jovens, especialmente os que se encontram na faixa etária dos 18 aos 24 anos, demonstram uma maior predisposição para correr riscos em comparação com os mais velhos. Cerca de 13% dos inquiridos deste grupo afirmaram estar dispostos a assumir riscos mais elevados na busca por maximizar os seus retornos financeiros. Esta postura contrasta fortemente com a cautela observada nas gerações mais velhas, sendo que apenas 3% dos inquiridos com mais de 55 anos indicaram ter a mesma disposição para correr riscos nos seus investimentos. Estes resultados sublinham uma clara diferença de atitude entre gerações, com os mais jovens a mostrarem-se mais ousados e confiantes na procura de melhores oportunidades de retorno, enquanto os mais velhos optam por estratégias mais conservadoras.
Fatores mais valorizados na escolha de prestadores de serviços de investimento
Os resultados obtidos através do inquérito indicam que, independentemente da faixa etária, existe uma opinião generalizada entre os investidores no que diz respeito aos critérios mais valorizados na escolha de um prestador de serviços de investimento. Um dos aspetos que gera maior consenso entre todas as gerações é a relevância de taxas baixas e transparentes. A transparência e a competitividade dos custos são fatores considerados essenciais por um grande número de investidores, uma vez que influenciam diretamente os retornos obtidos e a acessibilidade ao mercado. Este critério assume uma importância ainda mais acentuada entre os jovens, com 44% dos inquiridos das faixas etárias mais baixas a referirem as taxas como o fator decisivo na sua escolha. Este grupo demonstra uma forte preferência por serviços de investimento que ofereçam condições claras e acessíveis, que não penalizem excessivamente os seus investimentos com comissões elevadas. Para além das taxas, outro fator que se destaca na tomada de decisão dos jovens é a confiança num prestador de serviços de renome, com 33% dos inquiridos a identificar a reputação e a fiabilidade da instituição como um critério fundamental. Para os jovens investidores, não é apenas o custo que importa, mas também a segurança e a credibilidade da entidade a quem confiam o seu capital, valorizando prestadores com um historial sólido e reconhecido no mercado financeiro.
Jovens portugueses representam a maioria dos investidores em Portugal
Os dados provenientes dos relatórios internos da Revolut fornecem uma visão clara sobre o perfil dos seus utilizadores em Portugal, no que diz respeito à idade e à utilização dos seus serviços de investimento. De acordo com a análise, os jovens investidores, com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos, representam 60% do total de utilizadores dos serviços de investimento disponibilizados pela plataforma no país. Este número, embora expressivo, encontra-se ligeiramente abaixo da média registada no Espaço Económico Europeu (EEE), onde essa percentagem se situa nos 62%, revelando uma tendência semelhante a nível continental. Entre os países europeus com a maior proporção de jovens a investir através da Revolut, destacam-se a Bélgica, onde 72% dos utilizadores de serviços de investimento têm entre 18 e 34 anos, seguida de perto pelos Países Baixos com 70% e Itália com 69%. Estes números demonstram que, em alguns países, a participação de jovens investidores é particularmente elevada, refletindo uma maior adesão ao uso de plataformas digitais de investimento.
Além destes dados, é importante salientar que um em cada quatro clientes europeus que iniciaram a sua jornada de investimento durante a primeira metade de 2024 através da Revolut são investidores novatos, ou seja, pessoas que até então não tinham qualquer experiência prévia no mercado financeiro. Este facto sublinha o papel significativo que a Revolut desempenha na democratização do acesso aos investimentos, facilitando a entrada de novos investidores, especialmente jovens, num ambiente financeiro que, tradicionalmente, era visto como mais complexo e menos acessível. A plataforma tem contribuído para simplificar o processo de investimento, atraindo assim uma nova geração de utilizadores, que encontram na Revolut uma forma prática e intuitiva de começar a aplicar o seu capital, mesmo sem experiência anterior.
Principais ativos negociados por jovens investidores
De acordo com os dados fornecidos pela Revolut, durante o mês de julho de 2024, os jovens investidores, pertencentes ao grupo etário dos 18 aos 34 anos, concentraram as suas negociações principalmente em ações tecnológicas norte-americanas. Este foco em empresas de tecnologia reflete o crescente interesse dos jovens em setores inovadores e com elevado potencial de crescimento, particularmente no domínio da inteligência artificial e da computação avançada. A ação da Nvidia, empresa de renome mundial e líder no fabrico de unidades de processamento gráfico (GPUs), destacou-se como a mais negociada por este grupo. A Nvidia, sendo uma das protagonistas no desenvolvimento de tecnologias ligadas à inteligência artificial, captou tanto o interesse de compra como de venda, revelando-se o ativo mais procurado por jovens investidores que procuram beneficiar das suas fortes perspetivas de crescimento. No que respeita aos fundos de índice, os ETFs (Exchange Traded Funds) também despertaram grande interesse entre os jovens.
O Vanguard S&P 500, um ETF que acompanha o desempenho das 500 maiores empresas cotadas nas bolsas dos Estados Unidos, foi o mais transacionado. Este tipo de investimento é atrativo para quem procura uma diversificação imediata e uma exposição ao mercado norte-americano, permitindo aos investidores obterem retornos ligados à performance de grandes empresas de diferentes setores, de forma simples e eficiente. Relativamente aos ativos europeus, a ação mais movimentada foi a da Siemens AG, um conglomerado tecnológico alemão com uma presença significativa em diversas indústrias, como a energia, saúde, automação e infraestruturas. A Siemens AG, sendo uma das maiores e mais antigas empresas da Europa, é vista como um investimento sólido e atrativo, tanto pela sua inovação contínua como pela sua capacidade de adaptação a mercados em constante mudança. O facto de ser a ação europeia mais negociada entre os jovens demonstra a atenção que este grupo etário tem vindo a dedicar a empresas de grande dimensão e estabilidade, ainda que continuem a investir de forma mais dinâmica em setores tecnológicos de ponta, como o americano.
Valor médio das carteiras de investimento em Portugal
Em Portugal, o valor médio das carteiras de investimento situa-se em torno dos 1.800 euros, refletindo o nível geral de envolvimento dos investidores no mercado financeiro. No entanto, quando se observa com mais detalhe a faixa etária dos investidores, nota-se uma diferença significativa entre os montantes investidos pelos mais jovens e aqueles que já possuem mais experiência e maior capacidade financeira. Os investidores mais novos, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos, tendem a iniciar o seu percurso de investimento com valores mais modestos. As carteiras destes jovens apresentam, em média, um valor de 444 euros, o que é compreensível, dado que estão numa fase inicial da sua vida profissional e ainda a consolidar o seu poder de poupança.
Conforme os investidores vão ganhando mais experiência e progridem na sua vida pessoal e profissional, os valores que alocam aos seus investimentos começam a aumentar de forma gradual e consistente. À medida que se aproximam dos 35 anos, o montante médio investido cresce substancialmente, situando-se acima dos 1.400 euros. Este aumento reflete não só uma maior confiança e familiaridade com o mercado financeiro, mas também uma capacidade financeira mais robusta, muitas vezes associada a rendimentos mais estáveis e à acumulação de poupanças ao longo do tempo. A tendência de crescimento no valor das carteiras à medida que os investidores amadurecem sugere uma estratégia de investimento progressiva, onde o envolvimento inicial com quantias menores serve como um ponto de partida para investimentos mais significativos à medida que se adquirem mais conhecimentos e recursos financeiros.
Declarações sobre a nova geração de investidores
Rolandas Juteika, responsável pela área de Wealth and Trading no Espaço Económico Europeu (EEE), destacou que o crescente envolvimento dos jovens no universo dos investimentos representa uma transformação relevante e significativa no panorama financeiro atual. Esta mudança reflete não apenas o aumento do número de jovens que decidem investir, mas também o facto de estarem a fazê-lo de forma mais informada e proativa do que as gerações anteriores.
De acordo com o comunicado emitido, Juteika sublinhou que a geração mais jovem demonstra um nível de participação muito mais ativo no mercado financeiro, o que indica um interesse cada vez maior em compreender e dominar os processos de investimento. Esta geração, nascida numa era marcada por avanços tecnológicos e maior acesso à informação, está mais focada na aprendizagem contínua sobre as dinâmicas dos mercados, bem como na aquisição de competências que lhes permitam gerir os seus próprios portfólios de forma eficiente. Juteika realçou ainda que este interesse profundo e constante na educação financeira contribui para uma mudança positiva no comportamento dos jovens investidores, que, em vez de apenas seguirem tendências ou conselhos de terceiros, procuram construir uma base de conhecimento sólida. Este desejo por uma maior literacia financeira, aliado à vontade de aprender e explorar novas oportunidades de investimento, distingue a geração atual e projeta um futuro onde os jovens desempenharão um papel cada vez mais relevante na modelação do cenário financeiro global.
Metodologia do inquérito
O inquérito sobre comportamentos de investimento foi realizado pela empresa de pesquisa Dynata, abrangendo um total de 15.000 participantes distribuídos por 15 países europeus. Entre os países que integraram o estudo, destacam-se nações como Itália, Espanha, Alemanha, Áustria, Suíça, Roménia, Bulgária, Polónia, Hungria, Lituânia, Grécia, República Checa, Croácia e Eslováquia, refletindo uma ampla diversidade geográfica e cultural no âmbito europeu. Este inquérito teve como objetivo recolher informações detalhadas sobre os hábitos e tendências de investimento de diferentes grupos etários e permitiu uma análise aprofundada das preferências e comportamentos dos investidores em cada um desses países. Em Portugal, a amostra contou com a participação de 1.000 pessoas, tendo sido recolhida durante o mês de março de 2024.
Este número representativo permitiu obter uma visão clara sobre as práticas de investimento dos portugueses, com destaque para a comparação entre as gerações mais jovens e as mais velhas, possibilitando uma melhor compreensão das mudanças que estão a ocorrer no mercado financeiro nacional. O estudo permitiu identificar padrões específicos no comportamento dos investidores portugueses, que foram posteriormente comparados com os resultados de outros países europeus, proporcionando uma visão abrangente sobre o panorama dos investimentos a nível europeu e o papel que Portugal ocupa dentro deste contexto.