Portugal encontra-se num estado de atraso significativo no que diz respeito à transformação digital nas empresas pequenas e medias (PME). Este fenómeno revela-se preocupante, especialmente numa época em que a tecnologia desempenha um papel central no desenvolvimento e na sustentabilidade dos negócios. A transformação digital é uma necessidade urgente para que as PME possam não só sobreviver, mas também prosperar num ambiente de mercado cada vez mais competitivo e globalizado.
Nesse contexto, a cloud surge como uma solução viável e eficaz, capaz de acelerar o processo de mudança. Ao permitir o acesso a ferramentas e recursos tecnológicos avançados, a cloud oferece às empresas a oportunidade de otimizar operações, reduzir custos e melhorar a eficiência. Deste modo, a sua adoção torna-se crucial para que as PME consigam não apenas acompanhar o ritmo do mercado, mas também obter um ganho real em competitividade, posicionando-se de forma mais favorável em relação aos seus concorrentes.
Desafios da Digitalização e Transformação Digital nas PMEs Portuguesas
O relatório de 2024 da Comissão Europeia, que tem como objetivo avaliar o desempenho de Portugal face às metas e objetivos definidos para a Década Digital da União Europeia, revela que o país enfrenta sérias dificuldades na digitalização das pequenas e médias empresas (PME) e na adoção de tecnologias avançadas por parte das organizações.
Este cenário de atraso suscita uma preocupação significativa, especialmente tendo em conta que a transformação digital que se está a desenrolar coloca estas ferramentas tecnológicas no centro da sustentabilidade e do crescimento das PME. A capacidade de adaptação tecnológica torna-se, assim, um fator crucial e determinante para que as pequenas e médias empresas consigam não apenas sobreviver, mas também prosperar num ambiente de mercado que se torna cada vez mais exigente e competitivo. Neste contexto, a agilidade e a eficiência operacional são características fundamentais que as PME devem desenvolver, uma vez que são essenciais para garantir a sua viabilidade e sucesso a longo prazo. Se as PME não conseguirem integrar estas tecnologias avançadas e adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado, correm o risco de ficar para trás, perdendo oportunidades valiosas de crescimento e inovação.
Relutância na Adoção de Tecnologias nas Empresas
A hesitação manifestada por algumas pequenas e médias empresas (PME) em adotar tecnologias como a cloud tem gerado uma perplexidade notável entre especialistas e analistas do setor, especialmente numa altura em que os serviços baseados na cloud se tornaram amplamente reconhecidos e valorizados no mercado. Este atraso na adoção pode parecer surpreendente, dado que a cloud é vista como uma solução inovadora que proporciona inúmeras vantagens.
Diversos estudos e pesquisas demonstram de forma clara que a cloud atua não só como um catalisador de inovação, mas também como um facilitador essencial para a implementação de outras tecnologias avançadas, como a inteligência artificial e a cibersegurança, que são cruciais para a modernização dos processos empresariais.
Nos últimos anos, a adoção de soluções de cloud computing — sejam elas privadas, públicas ou híbridas — cresceu de forma exponencial, impulsionada pela capacidade de oferecer serviços online de maneira eficiente e eficaz, a preços competitivos e acessíveis para as PME. Esta tendência é impulsionada pela necessidade de as empresas se adaptarem rapidamente a um ambiente de negócios em constante mudança, onde a escalabilidade e a capacidade de partilhar recursos se tornam cada vez mais importantes. A cloud não só permite uma gestão mais flexível e eficiente dos recursos tecnológicos, como também oferece a oportunidade de reduzir custos operacionais e aumentar a produtividade, tornando-se, assim, uma ferramenta imprescindível para as PME que desejam competir num mercado global cada vez mais exigente.
Modelos de Cloud
Os modelos de cloud disponíveis no mercado, como a cloud privada, garantem uma infraestrutura virtual que é exclusivamente dedicada à empresa, permitindo um maior controlo sobre os dados e as operações. Este tipo de cloud é particularmente vantajoso para organizações que lidam com informações sensíveis ou que necessitam de conformidade com regulamentações específicas, uma vez que a privacidade e a segurança dos dados são rigorosamente asseguradas. Por outro lado, a cloud pública proporciona às empresas acesso a uma infraestrutura virtual partilhada, que permite a utilização eficiente de recursos de computação, assegurando, ao mesmo tempo, níveis adequados de segregação e segurança dos dados.
É importante mencionar que as clouds públicas, como a Azure da Microsoft e a AWS da Amazon, oferecem acesso a serviços inovadores e de ponta, como a internet das coisas (IoT) e a inteligência artificial, apresentados em formatos PaaS (Platform as a Service), que facilitam a implementação e gestão dessas tecnologias.
Esta oferta não só simplifica a adoção de novas soluções tecnológicas, como também proporciona às empresas a flexibilidade de escalarem os seus serviços de acordo com as suas necessidades. O modelo de cloud híbrida, por sua vez, apresenta-se como uma solução ideal para aquelas empresas que desejam manter parte dos seus sistemas e aplicações na cloud privada, beneficiando assim da segurança e controlo adicionais que esta opção proporciona, enquanto também acedem aos serviços da cloud pública. Esta abordagem híbrida permite uma integração eficaz entre os dois modelos, oferecendo o melhor de ambos os mundos e garantindo que as empresas possam adaptar-se rapidamente às exigências do mercado, ao mesmo tempo que aproveitam os recursos tecnológicos de forma otimizada.
Acelerando a Transformação Digital nas Empresas
Os especialistas estão unânimes ao afirmar que a aceleração tecnológica atualmente em curso vai intensificar ainda mais as vantagens associadas à adoção de soluções em cloud. Esta evolução tecnológica é particularmente relevante num cenário onde as empresas procuram continuamente maneiras de se manter competitivas e inovadoras. Uma das razões que poderá justificar esta crescente adesão é o plano das empresas portuguesas para aumentar os seus investimentos em tecnologia a uma taxa média de 15% ao ano até 2027.
Este valor notável supera, de forma significativa, as previsões de crescimento económico nacional para o mesmo período, indicando uma clara prioridade na modernização das suas operações. Os dados que sustentam esta afirmação provêm do estudo IDC FutureScape – AI Trends Reshaping Digital Landscapes, no qual a consultoria identifica a inteligência artificial, a cibersegurança e a cloud como as principais áreas a receber investimentos, reafirmando assim a crescente relevância dessas tecnologias no contexto da transformação digital da economia nacional.
A Escolha do Fornecedor: Uma Decisão Estratégica
A multiplicação dos modelos de negócio e das infraestruturas, recursos e serviços baseados em cloud proporciona às PME acesso a tecnologias e serviços que dificilmente poderiam obter de forma dedicada.
Neste sentido, os especialistas aconselham que as PME escolham parceiros com ampla experiência, um portfólio diversificado de soluções, certificação de qualidade, suporte em português e a capacidade de oferecer serviços complementares, como gestão e segurança. A localização dos dados em território nacional é uma consideração fundamental para muitas empresas.
As soluções híbridas, por exemplo, oferecem às empresas a oportunidade de otimizar os seus recursos tecnológicos de uma forma mais eficaz, ao combinar os benefícios da segurança, escalabilidade e flexibilidade. Esta combinação é especialmente vantajosa, uma vez que permite às empresas adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado e às exigências dos clientes, mantendo, ao mesmo tempo, um elevado nível de segurança.
No que respeita à segurança, os serviços de cloud fornecem a melhor garantia de acesso a recursos e tecnologias sofisticadas, que estão em constante atualização e são projetadas para enfrentar o aumento dos riscos associados à cibersegurança. O crescimento exponencial da internet das coisas e o volume de dados gerados diariamente têm evidenciado as vantagens da integração entre edge computing (computação distribuída) e cloud. Esta sinergia não só ajuda a reduzir a latência, como também acelera a análise do vasto volume de dados que é gerado por essas novas redes, permitindo que as empresas tirem o máximo partido das informações disponíveis para tomar decisões mais informadas e estratégicas. Portanto, à medida que a tecnologia continua a evoluir, a capacidade de integrar diferentes soluções torna-se um fator crucial para o sucesso e a sustentabilidade das empresas no futuro.