Uma mão segura uma lupa sobre uma nota de 100 euros, ampliando a bandeira da União Europeia. A nota repousa sobre várias notas de dólar americano, ilustrando uma mistura de moedas e ressaltando o escrutínio envolvido em dinheiro internacional e investimento direto estrangeiro. - Efacont

O investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal apresentou um crescimento expressivo, alcançando os 13,2 mil milhões de euros em 2024, conforme os dados mais recentes divulgados pelo Banco de Portugal (BdP). Este valor representa um aumento significativo em comparação com os 11,1 mil milhões de euros registados no ano anterior, evidenciando uma recuperação e um fortalecimento das investigações estrangeiras no país.

A principal razão para o aumento das transferências de IDE está associada ao “investimento realizado no capital de entidades portuguesas”, o que demonstra a confiança dos investidores estrangeiros no mercado português, especialmente em empresas nacionais.

Este fenómeno reflete a atratividade de Portugal para os investidores internacionais, especialmente no que diz respeito à expansão e ao fortalecimento de empresas já estabelecidas no país.

Aumento no Investimento Direto Estrangeiro no Capital das Empresas Portuguesas

Segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal, o valor investido diretamente no capital de empresas nacionais atingiu os 11,1 mil milhões de euros, o que representa uma significativa percentagem de 84% do total do investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal.

Este montante destaca-se como o principal componente das transferências de IDE para o país, demonstrando o interesse e a confiança dos investidores estrangeiros no potencial e no crescimento das empresas portuguesas. Além disso, este aumento do IDE reflete uma tendência crescente no mercado imobiliário, que teve um desempenho notável, alcançando um valor total de 3,5 mil milhões de euros durante o ano de 2024.

Este investimento imobiliário sublinha o papel importante que o setor tem desempenhado na atração de capital estrangeiro, sendo um dos segmentos mais procurados por investidores internacionais, que têm visto em Portugal uma oportunidade sólida para a realização de investimentos no mercado imobiliário.

Principais Países Investidores em Portugal

Os países que mais se destacaram como fontes de investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal foram Espanha, Luxemburgo e Países Baixos. Espanha liderou este ranking com um montante significativo de 3,8 mil milhões de euros, seguida de perto por Luxemburgo, que contribuiu com 3,1 mil milhões de euros, e Países Baixos, com 1,4 mil milhões de euros.

Contudo, é importante salientar que, frequentemente, estes países funcionam como intermediários no processo de investimento, desempenhando o papel de veículos através dos quais os investidores de outras regiões canalizam os seus recursos para Portugal. Isso significa que, na perspetiva do investidor final, o valor do investimento direto em Portugal é, muitas vezes, inferior ao registado na ótica da contraparte imediata, ou seja, o país que recebe o investimento diretamente.

No caso de mercados como a China, os Estados Unidos e a França, é habitual que utilizem países como Luxemburgo, Países Baixos e Espanha como pontos de passagem para efetuar os seus investimentos em território português. Esta estratégia permite-lhes beneficiar de vantagens fiscais ou regulatórias que esses países oferecem, ao mesmo tempo que direcionam os seus recursos para o mercado português.

Perspetiva dos Investidores Finais

No final de 2024, o país com maior número de detentores finais de investimentos em Portugal era Espanha. Este facto reflete a significativa participação espanhola no mercado português, uma vez que os investidores espanhóis ocupavam as primeiras posições no ranking dos maiores investidores no país. Portugal, por sua vez, ocupava a segunda posição, sendo que esse fenómeno se deve ao processo denominado “round tripping”.

Este conceito ocorre quando o investidor final, ou seja, aquele que efetivamente controla o investimento, coincide com o país de origem do capital investido. Em outras palavras, os investidores portugueses frequentemente retornam os seus recursos para o mercado nacional, o que contribui para o aumento do valor de investimento oriundo de Portugal. O Reino Unido, França e Luxemburgo completavam as posições seguintes, destacando-se como países que também mantêm uma forte presença no investimento direto em Portugal.

Esses países, embora não ocupem as posições de liderança, continuam a ser fundamentais no fluxo de IDE, refletindo a atratividade do mercado português para investidores internacionais.

Investimento de Portugal no Exterior

As transações de investimento direto de Portugal no exterior (IPE) atingiram um total de 7,2 mil milhões de euros em 2024, registando também um crescimento em relação ao valor do ano anterior, que foi de 5,7 mil milhões de euros.

Este aumento no valor das transações reflete uma expansão significativa da presença de empresas portuguesas em mercados internacionais. O investimento português foi especialmente relevante em países localizados no continente europeu, com destaque para os Países Baixos, onde foram investidos 1,8 mil milhões de euros. Seguiram-se Espanha e Luxemburgo, com valores de 1,1 mil milhões de euros em cada um desses países.

Esta distribuição geográfica do investimento português sublinha a importância da Europa como destino preferencial para o capital português, reforçando as relações económicas e comerciais entre Portugal e estes mercados. A dinâmica do investimento português no exterior, especialmente em países com mercados financeiros robustos, reflete uma tendência crescente de internacionalização das empresas portuguesas, que buscam expandir a sua presença e explorar novas oportunidades de negócio em regiões estratégicas.

Evolução do Stock de IDE e IPE

No final de 2024, o stock de investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal alcançou um total de 200,3 mil milhões de euros, o que representava cerca de 71% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Este valor reflete a forte presença do capital estrangeiro na economia portuguesa, consolidando a posição de Portugal como um destino atrativo para o investimento internacional.

Em contraste, o stock de investimento direto de Portugal no exterior (IPE) era de 76 mil milhões de euros, o que correspondia a 27% do PIB nacional, evidenciando a relação inversa entre os investimentos recebidos e os investimentos feitos por empresas portuguesas no estrangeiro. O Banco de Portugal sublinha que, desde 2008, tanto o IDE como o IPE têm mostrado uma trajetória de crescimento consistente, embora a uma velocidade diferente.

O investimento direto estrangeiro em Portugal mais do que duplicou durante esse período, refletindo a crescente confiança dos investidores internacionais na economia portuguesa e a atratividade do mercado nacional. Por outro lado, o investimento português no exterior aumentou 45%, o que demonstra uma progressiva expansão das empresas portuguesas em mercados internacionais.

Quando analisado em termos do PIB, a participação do IDE no total do valor da produção nacional subiu 25 pontos percentuais, enquanto a do IPE diminuiu 2 pontos percentuais, o que indica uma maior dependência de Portugal em relação ao investimento estrangeiro, ao mesmo tempo que o investimento de empresas portuguesas no exterior representou uma proporção ligeiramente menor do PIB.

Este fenómeno revela a crescente importância do IDE para a economia nacional, ao passo que o IPE tem registado um crescimento mais modesto quando comparado com o investimento estrangeiro.

investimento direto estrangeiro - efacont

Distribuição Regional do IDE

A região da Grande Lisboa foi a que mais concentrou investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal, alcançando um montante de 106,2 mil milhões de euros, o que representa 53% do stock total de IDE no país.

Este valor sublinha a centralização do investimento estrangeiro na capital e seus arredores, refletindo a atratividade da região devido à sua infraestrutura, proximidade com o mercado consumidor e forte dinamismo económico. A seguir, a região Norte registou 34,6 mil milhões de euros, o que corresponde a 17,3% do total de IDE em Portugal. Este montante revela a relevância crescente do Norte, que se destaca como uma área com forte potencial económico, beneficiando de sectores como a indústria e a inovação tecnológica. O Algarve, por sua vez, registou 19,5 mil milhões de euros, representando 9,7% do total de IDE.

A região, conhecida pela sua indústria turística e qualidade de vida, continua a ser um destino procurado por investidores estrangeiros, especialmente nas áreas do turismo e imobiliário. Em conjunto, estas três regiões , Grande Lisboa, Norte e Algarve, concentraram 80,1% do total do stock de IDE em Portugal, evidenciando a forte concentração do investimento em determinadas áreas do país, enquanto outras regiões, embora também recetivas ao investimento, possuem uma presença relativamente menor nesse contexto. Este padrão reflete as disparidades regionais no que diz respeito ao investimento estrangeiro, que tende a ser mais atraído por áreas com maior desenvolvimento económico, melhor infraestrutura e mais oportunidades de negócios.