Portugal tem destacado como um dos principais destinos para investimento estrangeiro, atraindo cada vez mais empresas francesas em busca de oportunidades de crescimento. Com um ambiente empresarial favorável, incentivos fiscais e sectores estratégicos em expansão, o país apresenta-se como um parceiro ideal para fortalecer relações comerciais. Mas quais são os sectores com maior potencial? E de que forma Portugal pode ser um “porto de abrigo” para o investimento francês?
Portugal como um destino estratégico para o investimento
Num encontro com empresários franceses realizado na cidade do Porto, no âmbito da visita oficial do Presidente francês Emmanuel Macron a Portugal, o ministro da Economia, Pedro Reis, destacou o papel estratégico de Portugal como um “porto de abrigo” para o investimento estrangeiro.
O ministro salientou que o país oferece um ambiente económico estável e favorável ao desenvolvimento dos negócios, o que o torna especialmente atrativo para investidores internacionais. Enfatizou ainda a relevância de uma participação mais ativa das empresas francesas na economia portuguesa, sublinhando que a atual agenda económica nacional apresenta oportunidades de negócio aliciantes em diversos sectores, como a transição energética, a inovação tecnológica e a digitalização, áreas onde a colaboração entre ambos os países pode gerar benefícios mútuos.
Portugal como polo de investimento estrangeiro
O ministro da Economia destacou a importância de Portugal assumir um papel central na redefinição da economia europeia, sublinhando que o país deve posicionar-se como um destino atrativo para o investimento externo e reforçar a sua competitividade no mercado global.
Considera fundamental a adoção de medidas que promovam um ambiente económico mais dinâmico e propício ao desenvolvimento empresarial. Nesse sentido, referiu a necessidade de reduzir entraves administrativos, simplificar processos burocráticos e tornar o sistema fiscal mais eficiente e previsível. Para além disso, enfatizou que a criação de condições favoráveis ao crescimento das empresas é determinante para captar novos investidores, com especial atenção às oportunidades de cooperação e expansão dos laços económicos com França.
Principais pontos da agenda económica portuguesa
Entre as iniciativas que considerou prioritárias, Pedro Reis destacou a importância de fortalecer e expandir as cadeias de valor, assegurando que as empresas portuguesas possam integrar-se de forma mais eficiente e competitiva nos mercados internacionais. Sublinhou ainda a necessidade de um apoio contínuo à internacionalização das empresas, permitindo que estas aumentem a sua presença em diferentes geografias e reforcem a sua capacidade exportadora.
No âmbito dos recursos financeiros, apontou a relevância dos fundos europeus como instrumentos fundamentais para impulsionar o crescimento económico e viabilizar projectos estratégicos. Defendeu igualmente o estímulo a novas concessões, o avanço de processos de privatização e o desenvolvimento de parcerias público-privadas (PPP), elementos que podem contribuir significativamente para a modernização da economia.
Adicionalmente, mencionou a importância de apostar em projectos inovadores e estruturantes, capazes de transformar sectores-chave e atrair o interesse de investidores estrangeiros, criando novas oportunidades de crescimento e fortalecimento do tecido empresarial nacional.
Setores com forte presença francesa em Portugal
O ministro destacou a importância de áreas estratégicas que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento económico e na projecção internacional de Portugal. Enfatizou o potencial da tecnologia e da inovação como motores de crescimento, salientando a necessidade de apostar em novas soluções que permitam aumentar a competitividade das empresas nacionais. Referiu ainda o ecossistema verde como um sector essencial para a sustentabilidade e transição energética, defendendo que Portugal tem condições privilegiadas para liderar projectos inovadores nesta área.
No mesmo sentido, mencionou a biotecnologia azul, sublinhando as oportunidades que este sector emergente pode proporcionar, nomeadamente no aproveitamento sustentável dos recursos marinhos.
No que respeita à indústria da defesa, considerou-a uma área estratégica que requer investimentos contínuos para garantir inovação, modernização e competitividade à escala global. Destacou também o sector automóvel, onde as empresas francesas já têm uma presença consolidada no mercado português, e manifestou a intenção de Portugal em reforçar este segmento.
Sublinhou que o país pretende consolidar o seu cluster automóvel, promovendo a inovação e a capacitação tecnológica, e reforçar parcerias estratégicas com investidores franceses, de forma a potenciar novas oportunidades de crescimento e expansão para ambas as economias.
Expansão da economia dos serviços
O ministro destacou ainda outras áreas que têm registado um crescimento significativo e que representam novas oportunidades de investimento e desenvolvimento para a economia nacional. Referiu que os serviços digitais estão a tornar-se cada vez mais relevantes, impulsionados pelo avanço tecnológico e pela necessidade de transformação digital das empresas. Mencionou também os data centers, cuja importância tem vindo a aumentar devido à crescente procura por soluções de armazenamento e processamento de dados de elevado desempenho, tornando-se uma área estratégica para atrair investimentos e fortalecer a infraestrutura tecnológica do país. Apontou, ainda, os serviços partilhados como um sector em expansão, uma vez que permitem optimizar processos empresariais, aumentar a eficiência operacional e criar novas oportunidades de emprego qualificado.
Para além destas áreas emergentes, destacou sectores industriais que já têm uma presença consolidada e que continuam a ser essenciais para a competitividade da economia portuguesa. Referiu-se ao sector têxtil, onde Portugal tem demonstrado uma capacidade notável de inovação e adaptação às exigências dos mercados internacionais, aliando qualidade e sustentabilidade.
Mencionou também a indústria do calçado, que se tem afirmado pela excelência dos seus produtos, pela aposta no design e pela adopção de práticas inovadoras, tornando-se uma referência a nível global. No mesmo sentido, destacou a metalomecânica como um sector de grande relevância, com empresas altamente especializadas e competitivas, que têm contribuído para a afirmação de Portugal como um player de excelência no mercado internacional.
Sublinhou que estas indústrias não só representam uma parte significativa da estrutura económica do país, como também desempenham um papel crucial na estratégia de internacionalização. Defendeu que é fundamental continuar a investir na modernização e inovação destes sectores, garantindo que Portugal se mantém competitivo e atrativo para investidores estrangeiros, fortalecendo, assim, a presença da economia nacional nos mercados externos.
Incentivo a parcerias e exportação
Pedro Reis destacou a relevância de incentivar a formação de joint-ventures, uma vez que estas representam uma oportunidade estratégica para empresas colaborarem e partilharem recursos e conhecimentos, potenciando o seu crescimento e internacionalização.
Frisou também a importância de explorar novas áreas de cooperação, com o objetivo de abrir caminho para a implementação de projectos conjuntos que possam criar valor para todos os envolvidos. Para além disso, defendeu que é crucial reforçar os mecanismos de apoio à exportação, de forma a garantir que as empresas portuguesas se tornem mais competitivas e possam expandir a sua presença nos mercados internacionais, ao mesmo tempo que se atraem novos investimentos que facilitem o acesso a mercados externos.
Relações económicas entre Portugal e França
Laurent Saint Martin, ministro do Comércio Externo da República Francesa, sublinhou a sólida e duradoura relação existente entre Portugal e França, que se alicerça numa história comum de estreita colaboração, influências culturais mútuas e uma parceria económica robusta.
Destacou que a visita de Emmanuel Macron a Portugal representa uma ocasião privilegiada para aprofundar os laços comerciais entre os dois países, permitindo a exploração de novas oportunidades de cooperação em diversas áreas.
Aproveitou ainda para realçar que este encontro oferece uma plataforma importante para discutir o equilíbrio da balança comercial entre as duas nações, procurando identificar formas de fortalecer ainda mais a troca de bens e serviços e criar soluções que favoreçam o crescimento económico de ambas as partes.
Prioridades estratégicas para o futuro
O responsável francês salientou que França mantém um interesse substancial em vários sectores estratégicos, nomeadamente na tecnologia, inovação, serviços, turismo, defesa e energia, áreas que considera fundamentais para o futuro das economias de ambos os países.
Enfatizou que, através da visita, será possível aprofundar ainda mais a colaboração nestes sectores, o que poderá resultar em novos projetos e parcerias empresariais entre as duas nações.
Afirmou também que este encontro será uma oportunidade valiosa para fortalecer as relações económicas bilaterais, criando novas perspetivas de cooperação que beneficiarão as empresas francesas e portuguesas, ao permitir a troca de conhecimentos, tecnologias e recursos.