adoção de Inteligência Artificial - efacont

De acordo com os dados mais recentes disponibilizados pelo Eurostat, em 2024, Portugal apresenta uma taxa de adoção de Inteligência Artificial (IA) significativamente inferior à média observada nos países da União Europeia (UE). Esta tendência revela um quadro de maior lentidão na implementação desta tecnologia, que tem vindo a ser cada vez mais adotada pelas empresas da região.

Os números fornecidos indicam que, no conjunto dos 27 Estados-membros da UE, cerca de 13,5% das empresas com 10 ou mais trabalhadores já integraram soluções de IA nos seus processos operacionais, o que reflete uma evolução positiva e uma adoção crescente destas tecnologias inovadoras. Este dado assinala um crescimento notável em comparação com o ano anterior, quando apenas 8,0% das empresas europeias utilizavam estas soluções tecnológicas, resultando num aumento de 5,5 pontos percentuais (pp). Esse crescimento foi alcançado num período relativamente curto, o que demonstra o impacto das políticas e iniciativas em curso para acelerar a transformação digital nas empresas da União Europeia.

No entanto, quando se compara a taxa de adoção em Portugal com a média europeia, os dados revelam que o país ainda está aquém das expectativas, refletindo a necessidade de uma maior impulsão para a incorporação de tecnologias digitais no tecido empresarial nacional.

Adoção de Inteligência Artificial: Crescimento impulsionado por iniciativas europeias

O aumento da adoção de Inteligência Artificial (IA) nas empresas tem sido impulsionado por um conjunto diversificado de iniciativas implementadas tanto a nível nacional como europeu, todas com o objetivo comum de acelerar a transformação digital das Pequenas e Médias Empresas (PME), que desempenham um papel fundamental na economia de muitos países. Estas iniciativas têm como foco a modernização e a adaptação das PME a um ambiente cada vez mais tecnológico e competitivo, permitindo-lhes melhorar a eficiência operacional e a competitividade, além de facilitar o acesso a novas oportunidades de mercado.

Para apoiar este processo de transformação, governos e instituições europeias têm desenvolvido e lançado uma série de programas de apoio específicos, como incentivos financeiros, subsídios para projetos de digitalização, e diretrizes estratégicas que orientam as empresas na integração das tecnologias emergentes, nomeadamente a IA.

Estes programas não só visam promover o acesso das PME a ferramentas tecnológicas avançadas, como também procuram fomentar uma cultura empresarial mais aberta à inovação, capacitando as empresas para que possam competir de forma mais eficaz no mercado global.

Um dos marcos mais significativos nesse processo foi a entrada em vigor do Regulamento de Inteligência Artificial da União Europeia, em agosto de 2024. Este regulamento tem um papel essencial na regulamentação do uso da IA, estabelecendo um conjunto de normas específicas que asseguram que a implementação e o desenvolvimento destas tecnologias sejam feitos de maneira responsável e ética.

Ao criar um quadro regulatório claro, a União Europeia visa promover a inovação tecnológica sem comprometer os princípios de segurança, transparência e proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos, garantindo que os avanços na área da IA beneficiem a sociedade de forma equilibrada e justa. Este regulamento representa assim um passo importante para garantir que a IA seja desenvolvida e aplicada de forma que respeite valores essenciais, como a privacidade e a proteção de dados.

Empresas portuguesas adotam IA a um ritmo mais lento

Apesar dos diversos esforços implementados com o objetivo de incentivar a adoção de Inteligência Artificial (IA) no setor empresarial, os dados mais recentes, continuam a mostrar que a taxa de utilização destas tecnologias pelas empresas portuguesas permanece abaixo da média observada na União Europeia. Em 2024, apenas 9,3% das empresas em Portugal, com 10 ou mais trabalhadores, fizeram uso de soluções baseadas em IA para apoiar as suas operações e melhorar a sua eficiência. Este número reflete um crescimento limitado em comparação com o ano anterior, o que sugere que, embora haja alguma evolução, a adoção da IA ainda é um processo lento e gradual no país.

Em 2023, a percentagem de empresas portuguesas que utilizavam tecnologias de IA era de 8,5%, o que implica um aumento de apenas 0,8 pontos percentuais face ao ano anterior. Este crescimento, embora positivo, revela-se modesto e abaixo do ritmo desejado para garantir uma transformação digital eficaz e competitiva no tecido empresarial nacional.

Este aumento relativamente pequeno indica que, apesar da maior disponibilidade de ferramentas tecnológicas e da criação de incentivos financeiros e programas de apoio ao desenvolvimento digital, a adoção da IA pelas empresas portuguesas ainda enfrenta vários obstáculos que dificultam uma aceleração do processo.

Entre os principais desafios identificados encontram-se a falta de qualificação adequada dos recursos humanos, com muitos profissionais ainda a necessitar de formação específica para tirar partido do potencial das tecnologias emergentes. Além disso, a implementação de soluções de IA exige um investimento significativo, o que pode ser um fator limitante para muitas empresas, especialmente as PME, que, muitas vezes, têm orçamentos mais restritos e dificuldades em alocar recursos para a digitalização.

Para além destes aspetos, a resistência à mudança por parte de algumas organizações também contribui para o ritmo lento de adoção, com algumas empresas ainda hesitantes em integrar a IA nas suas operações devido a receios quanto à complexidade da tecnologia e ao impacto que a sua implementação poderá ter na cultura organizacional e nos processos internos.

Portugal entre os países com menor progressão na UE

Com os resultados apresentados, Portugal encontra-se atualmente entre os países da União Europeia com os menores níveis de adoção de Inteligência Artificial (IA), ocupando a sétima pior posição entre os 27 Estados-Membros. Este desempenho reflete uma realidade preocupante, evidenciando a necessidade urgente de acelerar o processo de transformação digital no setor empresarial português.

A adoção de IA pelas empresas nacionais tem sido mais lenta em comparação com outras economias europeias, que já apresentam um avanço mais significativo na implementação e utilização destas tecnologias, o que coloca Portugal em desvantagem no que diz respeito à competitividade e inovação no mercado global. Este quadro é indicativo de que há uma margem considerável de melhoria na adaptação do tecido empresarial português a um ambiente digital e tecnológico, algo que é fundamental para garantir a sua sustentabilidade e crescimento a médio e longo prazo.

A utilização de IA na União Europeia não ocorre de forma homogénea, existindo disparidades substanciais entre os diferentes países. Enquanto algumas nações, nomeadamente aquelas com economias mais robustas, têm investido fortemente na digitalização dos seus setores produtivos e na adoção de tecnologias de ponta, liderando a integração de soluções baseadas em IA, outras ainda se encontram numa fase inicial de implementação.

Uma mulher com longos cabelos castanhos trabalha em um laptop em uma sala de aula, abraçando a adoção de Inteligência Artificial. Ela veste um colete jeans leve e sorri levemente. No fundo, três pessoas estão desfocadas. Ícones gráficos ao redor dela retratam conceitos de codificação como HTML, CSS, JS, PHP e DEV. - Efacont

Por outro lado, há países que ainda enfrentam vários desafios em termos de infraestrutura tecnológica, qualificação de recursos humanos e acesso a financiamento para a modernização dos seus setores produtivos. Estas dificuldades têm dificultado a adoção de IA e a integração de tecnologias avançadas, colocando essas economias numa posição mais vulnerável, o que pode afetar a sua capacidade de competir no mercado global. A falta de investimentos em tecnologia e a escassez de programas de apoio à digitalização são fatores que ainda limitam a evolução de muitas empresas e setores, impedindo-os de aproveitar as oportunidades que as novas tecnologias oferecem.

Líderes europeus na adoção de IA

A Dinamarca, a Suécia e a Bélgica são os países da União Europeia que se destacam pela elevada taxa de adoção de Inteligência Artificial (IA) no seu setor empresarial. A Dinamarca lidera com uma taxa de adoção de 27,6%, seguida pela Suécia com 25,1% e pela Bélgica com 24,7%. Estes números colocam as três nações na vanguarda da implementação desta tecnologia, evidenciando um compromisso claro com a transformação digital e a inovação no setor empresarial. A utilização de IA nestes países não só reflete um elevado grau de digitalização das suas economias, mas também demonstra uma aposta estratégica no futuro tecnológico, essencial para manter a competitividade no mercado global.

No último ano, a Suécia destacou-se particularmente pelo seu crescimento na adoção de IA, registando o maior aumento entre os países da União Europeia, com uma subida de 14,7 pontos percentuais. Este avanço significativo mostra que a Suécia tem vindo a acelerar a implementação de soluções baseadas em IA, o que contribui para a melhoria dos processos operacionais e para o aumento da competitividade das suas empresas.

A Dinamarca, por sua vez, também registou um progresso notável, com um incremento de 12,4 pontos percentuais na taxa de adoção de IA. Este crescimento expressivo confirma o empenho do país em integrar a inteligência artificial como um motor de inovação e eficiência no seu tecido empresarial.

A Bélgica, por sua parte, também apresentou um crescimento sólido, com um aumento de 10,9 pontos percentuais na implementação de IA, consolidando-se, assim, entre os países europeus com maior dinamismo nesta área. A adoção de soluções baseadas em inteligência artificial tem permitido à Bélgica otimizar processos empresariais, aumentar a competitividade no mercado europeu e fomentar a inovação em diversos setores. Estes avanços são um reflexo da capacidade de adaptação destas nações às novas exigências tecnológicas e da sua visão estratégica para a transformação digital, que permite criar um ambiente de negócios mais eficiente, ágil e preparado para o futuro.