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A balança comercial de bens entre Portugal e Angola continua a ser vantajosa para o país europeu, mesmo com uma diminuição nas exportações em comparação com os valores registados antes da crise económica que abalou Angola. Apesar da significativa redução nas vendas para o mercado angolano, a balança comercial mantém-se amplamente positiva para Portugal, com um excedente que ronda os 990 milhões de euros.

Este excedente demonstra que, apesar das adversidades e das mudanças nas dinâmicas comerciais, Portugal consegue ainda preservar uma margem substancial de ganhos no comércio com Angola. Este saldo positivo sublinha a resiliência da economia portuguesa no cenário internacional e a contínua importância do mercado angolano como destino das exportações nacionais.

Quadro Atual das Exportações Portugal para Angola

Após um auge significativo durante o período da troika, em que Angola registou um elevado volume de importações de bens, observou-se uma redução substancial nesse fluxo comercial. Esta diminuição pode ser atribuída à crise económica que afetou Angola, resultando numa desaceleração das suas compras internacionais. Nos últimos cinco anos, Angola consolidou-se como o nono destino mais importante para as exportações portuguesas, uma posição que tem vindo a manter de forma consistente desde 2019 até 2023. Esta estabilidade reflete a importância contínua do mercado angolano para as empresas portuguesas, apesar das flutuações económicas. Em contraste, os principais destinos das exportações Portugal permanecem relativamente constantes, incluindo países como Espanha, França, Alemanha, Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido, Itália, Países Baixos e Bélgica. Durante este período, houve uma mudança notável na classificação desses destinos, com os EUA a ultrapassarem o Reino Unido e a assumirem uma posição superior no ranking das exportações portuguesas.

Desempenho Comercial e Excedente

De acordo com os dados mais atualizados fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou para Angola bens no valor total de 1263 milhões de euros ao longo do último ano. Simultaneamente, as importações de produtos provenientes de Angola somaram 271 milhões de euros. Este cenário resulta numa balança comercial que continua a ser amplamente favorável para Portugal, com um excedente comercial de 992 milhões de euros. Comparando com os dados de 2012, observa-se uma diminuição de 11% nas exportações para Angola, que passaram de 1423 milhões de euros para 1263 milhões de euros. Esta redução reflete uma desaceleração no volume das exportações portuguesas para o mercado angolano, que, apesar de ainda manter um saldo positivo significativo, não atinge os níveis elevados registados no início da década.

Principais Categorias de Exportação

As empresas portuguesas têm como principais produtos de exportação uma vasta gama de itens, que inclui, sobretudo, máquinas e equipamentos, fornecimentos industriais, produtos transformados, alimentos e bebidas, bem como materiais de transporte e acessórios diversos. No contexto das exportações que totalizam aproximadamente 1200 milhões de euros, as máquinas e equipamentos destacam-se como o principal grupo de produtos exportados, representando um significativo terço do valor total, com vendas que ascendem a 419 milhões de euros. Este valor equivale a cerca de 33% das exportações totais realizadas por Portugal para Angola.

Seguindo-se na lista de exportações, os produtos das indústrias químicas representam um montante de 140 milhões de euros, o que corresponde a 11% do total exportado. Os metais comuns, que incluem diversos tipos de metais não preciosos, têm uma contribuição ligeiramente superior a 130 milhões de euros, constituindo cerca de 10% das exportações totais. Finalmente, os bens alimentares, bebidas, vinagres, tabaco e outros produtos contendo nicotina somam 119 milhões de euros, representando 9% do total das exportações para o país africano. Esta distribuição detalhada evidencia a diversificação das exportações portuguesas, que abrangem desde bens industriais de alto valor até produtos de consumo e matérias-primas.

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Importações de Portugal por Angola

Angola, sendo o segundo maior produtor de petróleo em África, desempenha um papel crucial no mercado global de energias fósseis. Esta posição estratégica faz com que o petróleo e seus derivados constituam uma parte significativa das importações de Portugal, que somam um total de 233 milhões de euros. A elevada produção petrolífera de Angola contribui para a sua capacidade de exportar grandes quantidades de combustíveis, os quais são essenciais para várias indústrias e setores económicos em Portugal.

Além dos combustíveis, Angola diversifica as suas importações ao adquirir uma gama variada de produtos de Portugal. Entre esses produtos estão incluídos itens agrícolas, como cereais e hortícolas, que são importantes para a alimentação e a segurança alimentar. O país também importa minerais e minérios, essenciais para diversas aplicações industriais e tecnológicas. A madeira, utilizada na construção e na fabricação de móveis, é outro produto de relevância nas transações comerciais entre os dois países.

Para além destes produtos, Angola também adquire máquinas e aparelhos de Portugal, embora estas transações sejam em menor escala comparadas com as importações de combustíveis. As máquinas e aparelhos são fundamentais para a modernização da infraestrutura industrial e para o desenvolvimento de novas capacidades produtivas em Angola. A diversidade dos produtos importados reflete as necessidades económicas e industriais de Angola, assim como a capacidade de Portugal para fornecer uma ampla gama de bens e serviços.

Evolução do Comércio entre Portugal e Angola

Entre 2012 e 2014, Angola ocupou uma posição de destaque como o quarto maior destino das exportações portuguesas, refletindo um período de crescimento significativo nas trocas comerciais entre os dois países. Durante este período, as exportações de Portugal para Angola atingiram um impressionante pico de 3178 milhões de euros em 2014, evidenciando uma relação comercial robusta e altamente lucrativa.

A crise económica em Angola, que se agravou significativamente devido à acentuada queda nos preços internacionais do petróleo, teve um impacto profundo e direto nas importações angolanas. Este cenário adverso resultou numa redução drástica nas compras de bens provenientes de Portugal, com as importações caindo para cerca de metade dos níveis verificados em 2014 já em 2016. A diminuição acentuada das importações foi um reflexo não apenas da crise económica interna de Angola, mas também das flutuações globais no mercado de petróleo, que desempenharam um papel crucial na deterioração da capacidade de Angola para manter os níveis elevados de importação que haviam sido anteriores à crise.

Consequentemente, a posição de Angola como destino das exportações portuguesas sofreu uma mudança substancial. Entre 2016 e 2018, Angola passou a ocupar o oitavo lugar no ranking dos destinos das exportações portuguesas. Apesar desta melhoria temporária em relação ao período mais crítico da crise, o país ainda não conseguiu recuperar completamente o seu status anterior. Em 2019, Angola caiu para o nono lugar, uma posição que tem mantido até ao presente.

Esta posição persistente no nono lugar reflete a dificuldade contínua em recuperar os níveis de exportação que Portugal havia alcançado antes do início da crise económica angolana. As vendas para Angola ainda não conseguiram voltar aos patamares anteriores à crise, evidenciando a resistência prolongada dos efeitos negativos da crise económica e a persistência dos desafios enfrentados pela economia angolana em restabelecer a estabilidade e o crescimento no comércio internacional.