inteligência artificial nas empresas  portuguesas - efacont

A implementação de inteligência artificial nas empresas portuguesas aumentou de 35% para 57% em um ano, e 87% acreditam que esta tecnologia irá transformar os seus setores nos próximos cinco anos. A inteligência artificial (IA) está a ganhar terreno nas empresas em Portugal, segundo um novo estudo independente realizado pela consultora Strand Partners, encomendado pela Amazon Web Services (AWS). De acordo com a investigação, 87% das empresas nacionais estão convencidas de que a IA terá um impacto transformador nos seus setores nos próximos cinco anos, e 51% já reportam um aumento de eficiência resultante da adoção desta tecnologia.

Crescimento da adoção de Inteligência Artificial nas Empresas Portuguesas

Em fevereiro de 2024, a primeira fase da pesquisa revelou que a implementação de inteligência artificial (IA) e de outras tecnologias digitais tem o potencial de catalisar um crescimento significativo na economia portuguesa. Este impacto poderá resultar no desbloqueio de um impressionante montante de 61 mil milhões de euros até ao ano de 2030, demonstrando a relevância e a importância da digitalização para o desenvolvimento do país. Na sequência desta fase inicial, a segunda fase do estudo indicou um aumento notável de 22% na adoção de tecnologia de IA, com 57% das empresas em Portugal a empregar, de forma regular, pelo menos uma ferramenta de inteligência artificial nas suas operações diárias.

O estudo, que teve como alvo 1.500 líderes empresariais em várias áreas de atividade em Portugal, oferece uma visão promissora para o futuro da inteligência artificial no país. Uma das conclusões mais relevantes e significativas deste trabalho de investigação é que 70% das empresas inquiridas afirmam estar familiarizadas com a tecnologia de IA, reconhecendo a sua importância e potencial. Além disso, essas empresas utilizam, pelo menos, uma ferramenta de inteligência artificial, o que revela uma crescente integração desta tecnologia no quotidiano empresarial e um reconhecimento da sua capacidade de otimizar processos e melhorar resultados.

Benefícios da implementação de IA

Os benefícios associados à adoção da inteligência artificial (IA) em Portugal são claros e inegáveis. Entre as empresas que já implementaram esta tecnologia inovadora, 51% relatam ter experimentado um aumento notável na eficiência dos seus processos operacionais, o que se traduz em melhorias significativas no seu desempenho geral. Além disso, 38% das organizações sentem que estão mais bem apoiadas na tomada de decisões estratégicas, beneficiando assim de análises mais precisas e informações em tempo real que a IA proporciona. Por outro lado, 34% das empresas observam melhorias substanciais na experiência do cliente, o que é crucial num mercado cada vez mais competitivo. Estes dados ilustram um impacto positivo e diversificado da inteligência artificial nas empresas, destacando as vantagens significativas que esta tecnologia pode oferecer em termos de produtividade, eficiência e competitividade, elementos fundamentais para o sucesso das empresas portuguesas no cenário atual.

Um exemplo notável de uma empresa que já está a incorporar esta tecnologia é a Ascendi. Esta organização, especializada na gestão de ativos, dedica-se não apenas à cobrança de portagens, mas também à gestão e manutenção de infraestruturas rodoviárias. A Ascendi está a integrar soluções avançadas de IA e GenAI da Amazon Web Services (AWS), com o objetivo de aprimorar a inteligência dos seus chatbots, facilitando assim a automatização das interações com os clientes. Graças a esta tecnologia, a Ascendi está a otimizar os seus procedimentos de resposta ao cliente, utilizando uma ferramenta de inteligência artificial que analisa e resume as comunicações escritas, garantindo uma resposta mais rápida e eficaz. Esta implementação não só melhora a eficiência operacional da empresa, mas também contribui para uma melhor experiência do cliente, solidificando a posição da Ascendi como líder no seu setor.

Perspetivas de transformação do setor

A percentagem de empresas que acredita firmemente que a inteligência artificial (IA) irá transformar os seus setores de atividade nos próximos cinco anos apresentou um crescimento significativo de 23% entre os anos de 2022 e 2023, alcançando agora um total de 87%. Este aumento acentuado reflete uma crescente confiança e entusiasmo por parte das organizações em relação ao potencial transformador da IA. Adicionalmente, 35% das empresas têm uma visão ainda mais otimista, prevendo que a implementação da IA não apenas irá melhorar, mas mudará de forma fundamental a maneira como os seus setores operam e se organizam. Apesar de essas previsões estarem orientadas para o futuro, o impacto da inteligência artificial no desempenho das empresas já é bem palpável e visível nos dias de hoje.

As áreas que mais se beneficiam da utilização de ferramentas de inteligência artificial são diversas e abrangem vários aspetos essenciais do funcionamento empresarial. Entre estas, o serviço e apoio ao cliente destacam-se como a área mais afetada, com 30% das empresas a reportar melhorias significativas. A deteção e prevenção de fraudes é outra área crítica, onde 29% das organizações utilizam a IA para mitigar riscos e proteger os seus ativos. Por fim, a análise financeira e a negociação surgem como uma terceira área importante, com 27% das empresas a integrar soluções de IA para otimizar processos e tomar decisões mais informadas. Estas estatísticas evidenciam não só a versatilidade da inteligência artificial, mas também a sua capacidade de impactar positivamente diferentes dimensões das operações empresariais.

Adoção de Inteligência Artificial por setores

Os setores que se destacam na adoção de inteligência artificial (IA) em Portugal incluem os serviços financeiros, que lideram com uma impressionante taxa de 78%. Seguem-se a indústria, com uma taxa de adoção de 66%, e o setor de Tecnologias da Informação e Telecomunicações (TI e Telecomunicações), que apresenta uma taxa de 65%. Em contrapartida, o setor da saúde demonstra a menor taxa de adoção, situando-se em 52%. Essa discrepância nas taxas de adoção evidencia como cada setor tem abordagens diferentes em relação à implementação de tecnologias de IA.

A forma como a inteligência artificial é aplicada varia consideravelmente entre as indústrias líderes, refletindo as necessidades específicas e os desafios que cada setor enfrenta. No caso dos serviços financeiros, a utilização da IA destaca-se principalmente na deteção de fraudes, onde a capacidade da tecnologia de analisar grandes volumes de dados em tempo real é crucial para a proteção contra atividades fraudulentas. Por outro lado, no setor industrial, a ênfase recai sobre a criação de conteúdos e a otimização de processos produtivos, utilizando a IA para aumentar a eficiência e reduzir custos.

De forma geral, todos os setores, independentemente do seu foco, reportam melhorias significativas na eficiência das suas operações após a adoção da inteligência artificial. Muitas empresas indicam que utilizam ferramentas de IA em áreas críticas como o serviço ao cliente, onde a tecnologia ajuda a automatizar interações e a melhorar a satisfação do consumidor. Outras áreas beneficiadas incluem a gestão de recursos humanos, onde a IA pode otimizar processos de recrutamento e avaliação de desempenho, a análise preditiva, que permite prever tendências de mercado e comportamento do consumidor, e a automação de processos, que contribui para uma maior agilidade operacional. Estas implementações demonstram a versatilidade da inteligência artificial e o seu potencial para transformar a forma como as empresas operam em diversos setores.

Competências digitais em destaque

Num contexto em que as competências digitais se tornam cada vez mais indispensáveis para o sucesso e a competitividade das empresas, a cibersegurança destaca-se como a qualificação mais valorizada no mercado atual. Cerca de 30% das empresas inquiridas consideram a cibersegurança uma prioridade, reconhecendo a importância de proteger os seus sistemas e dados contra ameaças crescentes e cada vez mais sofisticadas. Na sequência, a computação em nuvem é vista como a segunda qualificação mais relevante, com 27% das organizações a destacarem-na como uma competência crucial para a sua operação e crescimento. Por fim, a inteligência artificial generativa também ganha destaque, com 26% das empresas a reconhecê-la como uma área de grande importância.

Os resultados da segunda fase do estudo enfatizam ainda mais a relevância das competências digitais, mostrando que 84% das empresas inquiridas consideram estas habilidades essenciais para a realização das suas operações diárias. Este elevado número revela uma clara consciência da necessidade de adaptação à era digital e da importância de ter uma força de trabalho qualificada. Adicionalmente, 27% das empresas afirmam que a sua operação seria insustentável sem as competências digitais, o que ressalta a crítica dependência que muitas organizações têm destas habilidades.

No entanto, um desafio significativo que se impõe é a dificuldade em recrutar profissionais qualificados na área da inteligência artificial. Cerca de 32% das empresas relatam que enfrentam obstáculos neste processo de recrutamento, indicando que, em média, o tempo necessário para encontrar e contratar candidatos com as competências desejadas se estende por quase cinco meses. Este atraso no recrutamento pode representar um desafio considerável para as empresas que pretendem implementar soluções de IA e manter-se competitivas num mercado em rápida evolução. As organizações são, portanto, incentivadas a explorar novas estratégias de formação e desenvolvimento de talento interno, de modo a mitigar a escassez de profissionais qualificados na área da inteligência artificial e na digitalização em geral.

Salários mais altos para profissionais qualificados

Em resposta a esta situação de escassez de profissionais qualificados na área da inteligência artificial, um considerável 76% das organizações em Portugal manifestaram a sua disposição para oferecer salários mais elevados a candidatos que possuam formação e competências nesta área específica. Este aumento na oferta salarial revela a competitividade do mercado de trabalho e a necessidade urgente de atrair talentos que possam contribuir para a transformação digital das empresas.

Adicionalmente, aproximadamente 69% das empresas relataram que, em virtude das dificuldades encontradas no recrutamento de profissionais, experimentaram um aumento direto nos seus custos operacionais. Este aumento nos custos pode ser atribuído à necessidade de contratar serviços temporários, recorrer a consultores externos ou até mesmo ao impacto na produtividade devido à falta de mão de obra qualificada. Mais de um terço das organizações, especificamente 36%, viu-se na obrigação de adiar a implementação de novas tecnologias que poderiam melhorar a sua eficiência e competitividade. Este adiamento pode ter consequências negativas a longo prazo, uma vez que as empresas que não investem em tecnologia podem ficar para trás em relação aos seus concorrentes.

Além disso, outro terço, correspondendo a 33% das empresas, enfrentou obstáculos significativos na adoção eficaz das tecnologias que já haviam sido implementadas anteriormente. Esses obstáculos podem incluir a falta de pessoal qualificado para operar e manter essas tecnologias, o que resulta em subutilização de ferramentas valiosas que poderiam otimizar processos e impulsionar resultados. Este cenário ressalta a importância de não apenas recrutar, mas também de formar e requalificar os trabalhadores existentes para garantir que as empresas possam maximizar os benefícios das tecnologias digitais em constante evolução.

Conclusão

A implementação da inteligência artificial (IA) nas empresas em Portugal tem demonstrado um crescimento significativo, passando de 35% para 57% em um ano, o que indica uma adoção crescente e um reconhecimento das suas potencialidades transformadoras. O estudo da Strand Partners, encomendado pela Amazon Web Services (AWS), revela que 87% das empresas acreditam que a IA irá moldar os seus setores nos próximos cinco anos, e 51% já percebem aumentos de eficiência nas suas operações.

Esse impulso na adoção da IA não é apenas uma tendência passageira; está intrinsecamente ligado ao crescimento econômico do país, com previsões que apontam para um desbloqueio de 61 mil milhões de euros até 2030. Essa digitalização é fundamental para o desenvolvimento das empresas, que agora reconhecem a importância da integração da tecnologia no dia a dia. Os benefícios da implementação da IA são palpáveis, com relatos de melhorias na eficiência operacional, na tomada de decisões estratégicas e na experiência do cliente.

Entretanto, a jornada rumo à transformação digital enfrenta desafios significativos, especialmente na escassez de profissionais qualificados em IA. Com 32% das empresas relatando dificuldades no recrutamento e a disposição de 76% delas para oferecer salários mais altos, a competitividade do mercado de trabalho nesta área está se intensificando. A pressão para atrair e reter talentos qualificados, além da necessidade de requalificação contínua da força de trabalho, torna-se uma prioridade.

Por outro lado, as empresas que não conseguem se adaptar a essas mudanças podem enfrentar consequências adversas, como aumento nos custos operacionais e a necessidade de adiar a implementação de novas tecnologias. Portanto, é imperativo que as organizações invistam em formação e no desenvolvimento de suas equipes para não apenas sobreviver, mas prosperar na era digital.