O ano de 2024 registou o segundo maior consumo de eletricidade de sempre no sistema elétrico nacional, ficando apenas atrás do recorde de 2010, conforme indicado pela REN – Redes Energéticas Nacionais. A informação revelada pela REN indica que o consumo total de eletricidade atingiu valores elevados, refletindo a crescente procura por energia em todo o país.
No que se refere à produção de eletricidade, em 2024, o sistema elétrico português atingiu um marco histórico, com a produção de eletricidade proveniente de fontes renováveis a abastecer 71% do consumo nacional. Este dado destaca a forte presença das energias limpas na matriz energética do país, que foi um fator determinante para reduzir a dependência de fontes não renováveis. A REN, em comunicado oficial, sublinhou que este recorde na produção renovável foi resultado do contínuo crescimento das instalações de energias renováveis e das condições climáticas favoráveis ao longo do ano. Este avanço não só reforça a aposta de Portugal na sustentabilidade energética, como também contribui para a redução das emissões de carbono e o cumprimento das metas ambientais definidas a nível europeu e nacional.
Consumo Elétrico em 2024
Em 2024, o sistema elétrico nacional alcançou um marco significativo, registando o segundo maior consumo de eletricidade de toda a sua história, ficando apenas atrás do valor máximo registado em 2010. O total de eletricidade fornecido pela rede pública durante este período foi de 51,4 TWh (terawatts hora), o que representa um aumento de 1,3% em relação ao ano anterior. Este aumento reflete uma maior procura por eletricidade, que pode ser atribuída a vários fatores, incluindo o crescimento económico, a intensificação da utilização de dispositivos eletrónicos e as alterações nos padrões de consumo das famílias e empresas. Quando ajustados os valores para os efeitos de temperatura e o número de dias úteis, o aumento no consumo foi ainda mais acentuado, registando uma subida de 2%. Este ajuste é importante para uma análise mais precisa, já que a variação climática e a quantidade de dias úteis podem influenciar diretamente a quantidade de eletricidade consumida ao longo do ano.
Produção Renovável Alcança Recorde em 2024
Em 2024, a produção de energia renovável em Portugal alcançou um valor recorde de 36,7 TWh, o que representa o maior valor de sempre registado no sistema elétrico nacional. Este desempenho excepcional foi impulsionado por diversos fatores, entre os quais se destacam o crescimento significativo das instalações de fontes renováveis, como a solar, a eólica e a hídrica, que contribuíram para um aumento da capacidade de produção de energia limpa. Além disso, as condições climáticas favoráveis ao longo do ano desempenharam um papel importante, com ventos fortes e a quantidade de precipitação adequada a garantir uma produção elevada das centrais eólicas e hídricas. Como resultado, as energias renováveis passaram a representar 71% do consumo total de eletricidade em Portugal em 2024, o que constitui uma marca histórica para o país, reafirmando o compromisso nacional com a transição energética e com a sustentabilidade ambiental. Este valor demonstra o grande progresso que Portugal tem vindo a alcançar no caminho da descarbonização e da redução da dependência de fontes de energia fósseis, consolidando o país como um líder em energias renováveis a nível europeu e global.
Tipos de Energias Renováveis
Em termos de contribuição para a produção de eletricidade por tipo de fonte de energia, as centrais hídricas e as centrais eólicas tiveram um impacto semelhante no abastecimento do sistema elétrico nacional, com uma participação de 28% e 27%, respetivamente. A energia solar fotovoltaica, por sua vez, desempenhou um papel importante, contribuindo com cerca de 10% da eletricidade consumida em Portugal, enquanto a biomassa foi responsável por cerca de 6%. A REN sublinha que o final do ano de 2024 foi marcado por uma redução na produção hídrica, com o índice de produtibilidade hidroelétrica a situar-se em 1,16, o que, apesar de ser superior à média histórica de 1,0, indicou uma menor disponibilidade de recursos hídricos para gerar eletricidade. No que diz respeito às centrais eólicas, estas registaram um índice anual de 1,06, também acima da média histórica de 1,0, o que reflete condições favoráveis ao vento e uma produção consistente ao longo do ano. Contudo, a produção de energia solar fotovoltaica ficou abaixo das expectativas, registando um índice de 0,94, valor inferior à média histórica de 1. A REN justifica essa menor performance da produção solar com condições climáticas menos favoráveis durante o período, que afetaram a intensidade da radiação solar e, por conseguinte, a eficiência da produção de energia a partir desta fonte.
Redução na Produção Não Renovável
Em relação à produção de eletricidade proveniente de fontes não renováveis, observou-se que a maior parte desta produção foi gerada a partir do gás natural, que totalizou 5,1 TWh, o valor mais baixo registado desde 1979. Este número representou apenas 10% do consumo total de eletricidade no país, o que sublinha a crescente importância das energias renováveis no mix energético nacional. A REN destacou que a redução na participação do gás natural na produção de eletricidade foi impulsionada, principalmente, pelo aumento da oferta de energia renovável no mercado, o que tem vindo a substituir gradualmente as fontes fósseis de energia. Adicionalmente, o sistema elétrico beneficiou de um saldo importador considerável, que contribuiu para abastecer 20% do consumo total de eletricidade no país. O saldo importador, que corresponde à energia adquirida de outros países, atingiu 10,5 TWh em 2024, marcando um valor recorde na história do sistema elétrico nacional. Este aumento nas importações de eletricidade teve um impacto significativo na redução da dependência da produção a partir de fontes não renováveis, ajudando a equilibrar a oferta de energia e a garantir a estabilidade do fornecimento ao longo do ano.
Consumo de Gás Natural
Em relação ao consumo de gás natural, a REN revelou que, em 2024, o consumo totalizou 40,5 TWh, o que representou uma diminuição de 17% em comparação com o ano anterior. Este valor marcou o consumo anual mais baixo desde 2003, refletindo uma tendência de redução no uso deste combustível fóssil, o que está relacionado com o crescente aumento da produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, como a energia solar, eólica e hídrica. A REN também sublinhou que, em 2024, o abastecimento de gás natural foi assegurado principalmente pelo terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) de Sines, que desempenhou um papel fundamental no fornecimento de gás para o sistema nacional. O gás fornecido por este terminal teve, na sua maioria, origem em dois países: a Nigéria e os Estados Unidos. Este abastecimento diversificado e o reforço das infraestruturas de GNL permitiram uma maior estabilidade e segurança no fornecimento de gás natural para o sistema energético português, apesar da queda no consumo geral deste recurso.
