A Associação Fórum para a Competitividade estima que, apesar do desempenho positivo registado recentemente, o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal ainda se encontra aproximadamente 7 mil milhões de euros aquém do nível que seria expectável caso não tivesse ocorrido a pandemia.
Impacto da pandemia na evolução economia portuguesa
Apesar da economia portuguesa tenha mostrado sinais de recuperação, ainda persiste uma lacuna significativa em relação ao potencial económico pré-pandémico. Além disso, a associação antecipa um abrandamento da economia no segundo trimestre deste ano, refletindo as incertezas e os desafios persistentes que continuam a afetar a recuperação económica do país.
Esta previsão sugere que o crescimento económico poderá enfrentar obstáculos adicionais nos próximos meses, exigindo atenção e medidas adequadas para mitigar os impactos adversos e promover uma recuperação mais robusta e sustentada.
De acordo com cálculos realizados pelo Fórum para a Competitividade, a atividade económica em Portugal continua aquém do nível esperado, caso não tivesse ocorrido a pandemia de 2020. Esta crise de COVID precipitou o Produto Interno Bruto (PIB) para a pior recessão da era democrática no país, causando um impacto profundo e duradouro na economia nacional.
O economista Pedro Braz Teixeira, esclarece que a tendência média de evolução do PIB situa-se em 2%, um valor que é bastante próximo daquele utilizado pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP) nas suas análises. Ele observa que, entre os anos de 2016 e 2019, a economia portuguesa registou uma média de crescimento anual de 2,8%. No entanto, este valor não é adequado para estimar a tendência de médio prazo, uma vez que, durante esse período, a economia ainda estava em processo de recuperação da crise financeira anterior.
Consequentemente, foi adotada uma tendência de crescimento de 2%, alinhada com as previsões do Conselho das Finanças Públicas, para fornecer uma análise mais realista e prudente da evolução económica futura.
Recuperação incompleta do PIB
No primeiro trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal ainda se encontra 2,4% (equivalente a 6,7 mil milhões de euros) abaixo do que seria esperado caso não tivesse ocorrido a pandemia.
O economista Pedro Braz Teixeira, recorda que, ao comparar com o final de 2019, Portugal já atingiu o nível do PIB desse período no primeiro trimestre de 2022. No entanto, ele argumenta que este é um critério menos exigente para avaliar a verdadeira recuperação do PIB.
Quando se utiliza um critério alternativo, que leva em conta a tendência de crescimento pré-pandémica, observa-se que o país ainda está significativamente distante de retomar o percurso de crescimento que teria seguido sem a interrupção causada pela pandemia.
Pedro Braz Teixeira também reconhece que, a nível da União Europeia, a recuperação económica não foi completa. Esta constatação indica que o referencial utilizado para medir a convergência económica é limitado.
Crescer apenas ligeiramente acima da média comunitária é considerado insatisfatório, refletindo a necessidade de metas mais ambiciosas e uma recuperação mais robusta para alcançar um crescimento económico sustentável e significativo. Esta análise destaca a importância de não apenas recuperar o nível de PIB pré-pandémico, mas também de assegurar um crescimento contínuo e sólido que permita uma convergência mais efetiva com as economias mais desenvolvidas da União Europeia.
Desafios e necessidade de reformas da economia portuguesa 2023
Pedro Braz Teixeira enfatiza que ainda há um longo caminho a percorrer, salientando a necessidade premente de aumentar o investimento e de recuperar a queda de 10% no capital por trabalhador desde 2015.
O economista destaca, igualmente, a importância crucial de proporcionar mais formação aos trabalhadores e critica a saída de emigrantes qualificados, ao mesmo tempo que o país recebe imigrantes com qualificações mais baixas.
Além disso, aponta para a urgência de implementar reformas estruturais em várias áreas da economia portuguesa 2023, advertindo que seria prejudicial se o ímpeto reformista do novo governo fosse interrompido antes de demonstrar resultados tangíveis.
Previsão de abrandamento no segundo trimestre
Após a desaceleração observada nos primeiros meses do ano, o Fórum para a Competitividade projeta que essa tendência persistirá nos meses de abril a junho, citando um ambiente político marcado por uma grande incerteza, que muito provavelmente continuará na segunda metade do ano. No primeiro trimestre deste ano, PIB, registou um crescimento de 0,8% em cadeia e 1,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O Banco de Portugal, apresentou valores elevados ao longo do primeiro trimestre de 2024, mas registou uma desaceleração em abril e maio, tal como o ambiente económico geral, fortalecendo a ideia de um abrandamento ligeiro da economia no segundo trimestre.
As eleições europeias são apontadas como um fator que poderá influenciar o ambiente político nacional, podendo contribuir para alguma estabilidade se a AD ganhar, ou agravar os riscos políticos e económicos se perder.
Uma das principais consequências será a incerteza em torno da aprovação do orçamento para 2025, o que não favorece o crescimento económico, pois impede a implementação de reformas que poderiam impulsionar o potencial de crescimento da economia portuguesa e desencoraja os agentes económicos.
Esta análise destaca a importância de um ambiente político estável e favorável ao investimento e à implementação de medidas que promovam um crescimento económico sustentável e robusto a longo prazo.