Em 2023, o setor turístico em Portugal alcançou um notável volume de negócios de 17,1 mil milhões de euros, um valor que não só destaca o crescimento económico do país, como também sublinha a sua relevância no panorama turístico europeu e global. Este aumento significativo de 20% em comparação com o ano anterior é um reflexo da contínua recuperação do setor, que, após os desafios impostos pela pandemia, tem mostrado uma capacidade impressionante de adaptação e crescimento.
Os dados, fornecidos pela Informa D&B, demonstram que o turismo em Portugal não se limita a um único segmento, mas abrange várias áreas chave que juntas contribuem para este crescimento. A hotelaria, o transporte aéreo, as agências de viagens, o transporte rodoviário e os serviços de rent-a-car foram todos pilares fundamentais na expansão do setor. O aumento na procura de alojamento, a procura por serviços de transporte e a elevada atividade nas agências de viagens refletem uma recuperação robusta e uma crescente confiança dos turistas em Portugal como destino de férias.
Este desempenho pode ser interpretado como um indicativo de que o país continua a ser um destino altamente competitivo e desejado pelos turistas, com uma oferta diversificada e de qualidade que atrai visitantes não só pela beleza natural e cultural, mas também pela eficiência e qualidade dos serviços oferecidos.
A recuperação dos níveis de procura por serviços de turismo é também um reflexo da evolução das tendências de consumo, que incluem cada vez mais a escolha de viagens de lazer e negócios, com um aumento da duração das estadias e uma maior diversificação dos tipos de experiências procuradas.
Crescimento nos principais indicadores Setor do turismo
Os dados apresentados pela consultora Informa D&B indicam que, em 2023, o setor turístico português experimentou um aumento significativo no número de hóspedes, que subiu 13%, alcançando a impressionante marca de 30 milhões de turistas. Este aumento no número de visitantes reflete a crescente procura por Portugal como destino turístico, sublinhando o apelo contínuo do país para turistas de diversas origens. Simultaneamente, o número de dormidas registou um crescimento de 11%, atingindo um total de 77,2 milhões de noites passadas em alojamentos turísticos, o que demonstra a boa saúde do setor, com os turistas a prolongarem cada vez mais a sua estadia no país.
Estes indicadores são um reflexo claro do dinamismo e da resiliência do turismo em Portugal, que continua a recuperar de forma robusta, mesmo após os desafios impostos pela pandemia. A resposta do setor à crise sanitária, com uma adaptação rápida às novas necessidades e exigências dos turistas, tem sido um fator crucial para a retoma do setor. As previsões indicam que este crescimento deverá continuar nos próximos anos, embora de forma mais moderada, com uma desaceleração nas taxas de crescimento em comparação com os anos anteriores, quando a recuperação foi mais acelerada. Apesar disso, as perspetivas para o turismo em Portugal permanecem positivas, com um crescimento sustentável e um mercado cada vez mais diversificado, que continua a atrair turistas de diferentes partes do mundo.
Análise do tecido empresarial no setor do turismo
Ao examinar a estrutura do setor empresarial do turismo em Portugal, Informa D&B registou a presença de 4495 estabelecimentos hoteleiros no país, que são responsáveis pela criação de cerca de 63.800 postos de trabalho. Este número reflete a importância do setor da hotelaria na economia nacional, sendo um dos principais impulsionadores da criação de emprego e da oferta de serviços para os turistas que visitam o país. Em seguida, as agências de viagens retalhistas, que somam um total de 2235 empresas, empregam aproximadamente 9200 pessoas, complementando a oferta de serviços turísticos ao fornecer pacotes e experiências adaptadas às necessidades dos viajantes.
A análise destaca que a maioria das empresas turísticas em Portugal está concentrada em uma única área de atuação, o que mostra uma especialização das empresas em determinados segmentos do mercado. No entanto, existem também alguns grupos turísticos de maior dimensão que adotaram uma estratégia mais diversificada, oferecendo uma gama de serviços que inclui desde a gestão de hotéis até o transporte, excursões e outros serviços associados ao turismo. Este fenómeno de especialização e diversificação dentro do setor é um reflexo da dinâmica e da competitividade do mercado, onde empresas de diferentes tamanhos e perfis conseguem se destacar, dependendo da sua estratégia de atuação.
Concentração do setor turístico
A análise realizada pela também evidencia uma tendência crescente de concentração no setor turístico em Portugal, com os grandes operadores a expandirem-se de forma significativa, principalmente por meio de aquisições e fusões com outras empresas do ramo. Esta dinâmica tem vindo a transformar a paisagem empresarial do turismo, levando ao encerramento de várias pequenas empresas que, devido à sua menor capacidade de adaptação e competitividade, não conseguem acompanhar o ritmo de crescimento e inovação dos maiores players do mercado.
O impacto desta concentração na estrutura do setor é evidente, uma vez que os grandes grupos dominam uma fatia crescente do mercado, afetando a diversidade de empresas que anteriormente compunham o setor.
De acordo, esse processo de consolidação tem-se consolidado como uma das principais características do turismo em Portugal nos últimos anos, refletindo uma transformação profunda na forma como o setor se organiza e opera. Com a crescente presença de grandes grupos turísticos, que possuem maior capacidade financeira e operacional, o mercado tem assistido a uma concentração de poder nas mãos de poucos players, enquanto as pequenas empresas, muitas vezes menos rentáveis ou com menor capacidade de investimento, têm dificuldade em manter-se no mercado competitivo. Esta tendência de fusões e aquisições parece ser um reflexo das exigências do mercado, que favorece a eficiência, a escala e a capacidade de oferecer uma gama de serviços mais ampla e integrada.